Para entendermos o que é relacionamento aberto e como ele , é interessante saber como ele surgiu e para isso precisamos dar uma passeada entre o final dos anos 60 e começo dos anos 70, quando o conceito de casamento aberto foi criado.
Como consequência da crescente insatisfação com o padrão predominante do casamento tradicional monogâmico, começaram a surgir vários estilos alternativos de relacionamentos. Com isso em mente, Nena Oneill e George Oneill, um casal de pesquisadores, começaram a explorar o casamento contemporâneo da época e concluíram que os problemas entre os casais se davam pela incapacidade da maioria dos de encontrar na relação conjugal tanto intimidade quanto oportunidade para desenvolver seu potencial pessoal sem que essa relação seja destruída no processo.
O que é relacionamento aberto
O casal, querendo resolver essa questão, criou o conceito de casamento aberto em seu livro “Casamento Aberto – as Novas Relações Conjugais” que é basicamente um guia para afrouxar alguns dos aspectos mais sufocantes de um casamento tradicional, ao mesmo tempo em que preserva o casamento como instituição. O livro dá algumas dicas interessantes pra época: eles recomendam que os casais tenham uma vida separada um do outro, que não sejam grudados, co-dependentes, fechados um no outro – daí o termo “aberto”, que também faz referência a possibilidade de rever o contrato de casamento, ao contrário do contrato tradicional que é fechado e não negociável.
No livro, eles nunca recomendam que casais façam sexo a três ou transem com outras pessoas, mas também não dizem que deve ser evitado: é escolha do casal. Por outro lado, eles dizem que qualquer tipo de relação com terceiros não deve colocar em risco a relação primária. Que o casal deve ser prioridade, que devem estar acima de todos e que os outros relacionamentos são apenas adições. Chegam a dizer que o casal que pratica o “casamento aberto” sabe que o vínculo deles é maior do que a soma de todos os outros vínculos que cada um pode ter separadamente (nunca hierarquia foi definida com tanta ênfase). Eles dizem que a liberdade no casamento aberto não é liberdade pra fazer qualquer coisa e sim liberdade para crescer, mas respeitando o bem-estar da sua relação primária (ou seja, se teu marido/mulher ficou pistola pq você se envolveu com outra pessoa, lembra que a prioridade é teu casamento (poder de veto e descarte de pessoas em prol do da segurança do casal primário).
Os autores não visam conceituar uma não-monogamia, o que eles fazem é ampliar a cerca monogâmica para que o casal tenha mais espaço para brincar e crescer separadamente porque começaram a reclamar do quão sufocante o casamento é. Então, eles criaram um modelo diferente (mas não tanto assim) de casamento que dá mais espaço pra respirar. Mas a cerca ta lá, só é maior. Continua existindo a centralidade do casal, existe o casal e existem “os outros”.
Relacionamento Aberto não é não-monogamia
Como já disse em outro post, não-monogamia não é sobre quantidade, portanto, nem todo modelo de relacionamento permite a inclusão de outras pessoas é não-monogâmico. O relacionamento aberto inclui tudo que a não-monogamia é contra: hierarquia, centralidade do casal, direitos de uns sobre os outros como se as pessoas fossem ao mesmo tempo donas e propriedades umas das outras, restrição da autonomia e liberdade, etc. Esse tipo de relacionamento não rompe com a estrutura monogâmica, apenas abre mão superficialmente da exclusividade para que o casal possa ficar e transar com outras pessoas. O problema é que ao abandonar uma regra, ele cria inúmeras outras regras para proteger o casal primário.
Relacionamento Aberto é Monogamia com mais espaço para brincar.