Existem vários artigos citando motivos para colocar um rótulo no seu relacionamento, entretanto, a A Anarquia Relacional adverte que temos de prestar atenção à possibilidade de sermos condicionados ao rotular relacionamentos. Rótulos carregam uma bagagem e se não estivermos atentos, incorporaremos comportamentos autoritários, direitos automáticos sobre outras pessoas, a expectativa de que elas se comportem conosco “como deve ser”, “como todos sabem” que alguém que assume aquela receita pronta de direitos e obrigações se comporta.

Não há nada de errado em usar uma palavra com conhecimento e responsabilidade. O problema é deixarmos o rótulo definir nosso comportamento por padrão; quando não precisamos mais refletir sobre como queremos viver, porque o rótulo diz tudo. O nome que damos ao nosso relacionamento determina como as coisas devem ser e nos dá a segurança de uma identidade compartilhada, de uma preciosa caixa selada com papel timbrado, que passamos a dar enorme valor.

Algo tão precioso não pode ser tratado com leviandade. Você tem que ter certeza se o tem em sua posse ou não. Tem que ser delimitada no tempo. Celebrá-lo e gritá-lo aos quatro ventos quando chega, mas também definir e delimitar quando termina. E este processo não é agradável. E o pior de tudo, parte desse desconforto e incerteza é fútil. Eles são causados exclusivamente pela necessidade de nomear e delimitar.

Um “casal” vem com um selo de qualidade e denominação de origem, que não permite meias medidas. Exige tudo ou nada. Somos ou não somos. O que somos nós?

Proponho que nos entendamos sem coerção e que cuidemos um do outro sem prescrições.

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