O termo “relacionamento sério” geralmente se refere a um relacionamento de casal, onde existe um vínculo romântico principal e o compromisso é baseado em grande parte na limitação de vínculos fora do relacionamento, com um tipo complexo de exclusividade que vai além da exclusividade sexual (do cuidado, do tempo, do que é compartilhado, etc). 

Não quero compromisso e nada sério com ninguém” é a frase típica de alguém buscando um tipo de relacionamento que não seja aquele que pensamos como um casal. Na real dizemos isso  quando procuramos apenas um rolo, algo “apenas” sexual e sem as “complicações” de uma relação romântica com um certo grau de “comprometimento”.

Relacionamento Sério

A seriedade de um relacionamento está muitas vezes relacionada à quantidade de comprometimento que temos nele. Mas neste contexto, “comprometimento” é pensado como algo que nos é imposto: ele é relacionado à fidelidade (não ter relações afetivo-sexuais com outras pessoas ou limitá-las de alguma forma), priorizando uma pessoa à frente de qualquer outro relacionamento. Esse comprometimento muitas vezes é acompanhado de algum tipo de sacrifício

Mas o que acontece quando não há compromisso? Normalmente, ele é apresentado por padrão. Um binário bastante extremo: ou nos relacionamos por meio de um compromisso implícito, hierárquico e opressivo, ou nos encontramos num vácuo de consumo relacional e de objetificação (também opressivo, mas de outro tipo). Portanto, quando uma pessoa repete que não procura nada sério, ela geralmente acaba perpetuando tais relações objetificadas e de consumo (não apenas o consumo sexual, também muitas vezes emocional). A expressão fala por si só, porque não querer tratar uma pessoa de forma séria significa não levá-la em conta ou acreditar que seus problemas são importantes.

O que significa não querer nada sério?

Significa que a pessoa com a qual você não tem um tipo de compromisso de casal não merece ser tratada com consideração? O que é compromisso? Uma galera pode dizer que essa expressão simplesmente significa que você não quer um tipo particular de exclusividade ou colocar essa pessoa em uma hierarquia. Mas a experiência que muitos de nós tivemos não é esta quando fomos tratados de uma forma “casual” (que é tipo quando alguém diz que “só querem uma amizade”). A maior parte de nossa experiência tem sido um tipo de relacionamento em que se surgisse uma preocupação ou uma questão, não poderíamos conversar, e se a outra pessoa decidisse um dia não entrar em contato novamente, poderia simplesmente ir embora (e as normas sociais permitem que isso seja feito sem ser visto como violento), e quando quisessem se reaproximar, poderiam fazer o mesmo. A experiência majoritária sempre foi uma falta de consideração e uma relação que se manteve graças à responsabilidade e sacrifício de uma das partes (precisamente a outra parte, aquela que não estava em busca de algo “casual”, geralmente a menos privilegiada).

Para ter relações éticas, devemos tratar as pessoas com seriedade – temos que reconhecê-las pelo que são, com suas próprias vontades, desejos, problemas e necessidades. O que é necessário, de fato, é mudar o significado de comprometimento, e passar a ter consideração pelas pessoas com as quais nos relacionamos, independente do rótulo. Todos nós merecemos ser tratados com seriedade. Isso não tem que ser sinônimo de não poder se divertir e desfrutar da vida.

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