O amor romântico é um tema fascinante que tem desempenhado um papel significativo na história e evolução humana. Desde os primórdios até os dias atuais, essa poderosa emoção tem intrigado filósofos, artistas e cientistas. Neste texto, vamos mergulhar nas origens do amor romântico, sua importância para a sobrevivência humana e as complexidades que envolvem esse sentimento.

Durante o curso da evolução, os macacos desenvolveram a capacidade de formar laços emocionais profundos. Mais tarde, esse vínculo emocional passou a ser conhecido como “amor”. À medida que a evolução progrediu, deu origem até mesmo a uma multidão de cantores que fizeram fortuna escrevendo canções cafonas sobre esse fenômeno.

O amor romântico como mecanismo de sobrevivência

Os seres humanos também adquiriram a capacidade de amar uns aos outros e essa capacidade serviu como um mecanismo de sobrevivência. Isso pode não parecer particularmente romântico ou cativante, mas é verdade. Não desenvolvemos presas enormes ou garras imponentes; em vez disso, desenvolvemos a inclinação para formar conexões emocionais, promovendo a cooperação entre comunidades e famílias. Esses laços sociais se mostraram muito mais eficazes do que qualquer arma física. Sem o desenvolvimento de vínculos emocionais, provavelmente teríamos sido vítimas de tigres em algum momento.

Como seres humanos, temos uma inclinação instintiva para desenvolver lealdade e afeição por aqueles que demonstram o mesmo em relação a nós. Essencialmente, é disso que se trata o amor – um profundo senso de lealdade e afeto em relação a outra pessoa, a ponto de enfrentarmos de bom grado danos ou até mesmo a morte em nome disso. Pode parecer irracional, mas foram esses sentimentos simbióticos e calorosos que garantiram que as espécies dependessem umas das outras por tempo suficiente para sobreviver aos desafios das savanas, povoar o planeta e inventar o Orkut, Instagram, Twitter, Netflix e, agora, o Threads.

Vamos reservar um momento para expressar nossa gratidão à evolução por nos presentear com a Netflix e o Spotify.

O amor platônico: A visão de Platão

Platão argumentava que a forma mais elevada de amor era um vínculo não sexual e não romântico com outra pessoa, geralmente chamado de “amor fraternal”. Platão acreditava que a paixão, o romance e o sexo muitas vezes nos levam a adotar comportamentos vergonhosos. Assim, ele considerava esse amor sem paixão entre membros da família ou amigos íntimos como o epítome da experiência humana virtuosa. De fato, Platão e muitas outras pessoas do mundo antigo viam o amor romântico com ceticismo, ou até mesmo com horror.

Amor romântico Versus Amor platônico

Como sempre acontece, Platão parecia ter entendido esses conceitos antes de qualquer outra pessoa. Por isso, o amor não sexual passou a ser conhecido como “amor platônico”.

Durante a maior parte da história humana, o amor romântico foi visto como um tipo de aflição. Se pensarmos bem, não é difícil entender o motivo: o amor romântico leva as pessoas a se envolverem em atos tolos e irracionais. Não é de se admirar que os antigos o encarassem com ceticismo. Em muitas culturas, ele era considerado uma condição infeliz que todos tinham de suportar e, por fim, superar, como a catapora. Contos clássicos como A Ilíada ou Romeu e Julieta não tinham o objetivo de celebrar o amor; em vez disso, serviam como contos de advertência, destacando as possíveis consequências negativas do amor e como ele pode causar estragos em nossas vidas.

Mudanças sociais e a transformação do casamento

Veja bem, durante a maior parte da história da humanidade, as pessoas não se casavam devido aos sentimentos que tinham uma pela outra. De fato, os sentimentos tinham pouca importância no mundo antigo.

Por quê? Porque, na real, havia campos a serem arados, vacas a serem alimentadas e, puta merda, Átila, o Huno, tinha acabado de massacrar toda a sua família na aldeia vizinha…

Simplesmente não havia tempo para o romance, nem havia tolerância para os comportamentos de risco que ele incentivava. A sobrevivência era fundamental. O casamento servia ao propósito de procriação e estabilidade financeira. O amor romântico, quando permitido, era relegado ao reino das amantes e da pegação casual.

Durante a maior parte da história humana, a sobrevivência e a prosperidade das famílias extensas estiveram por um fio. As pessoas tinham uma expectativa de vida mais curta do que a dos meus gatos e a minha própria (e olha que eu faço merda pra kct). Toda ação era motivada pela pura necessidade de sobrevivência. Os casamentos eram arranjados pelas famílias, não por afeição ou amor, mas porque a fusão de fazendas ou recursos ofereceria alguma proteção contra a próxima enchente ou seca, e as famílias poderiam compartilhar produtos essenciais como trigo ou cevada.

Portanto, se o jovem Junior desenvolvesse inclinações românticas e desejasse fugir com a ama de leite da cidade vizinha, isso não era apenas um inconveniente – representava uma ameaça genuína à sobrevivência da comunidade. Consequentemente, esse comportamento era visto como reprovável.

A mudança da era industrial: Transformações sociais e econômicas

Foi somente com a era industrial que as coisas começaram a mudar. As pessoas começaram a se aglomerar em centros urbanos e fábricas, desvinculando seu futuro econômico da terra. Elas se tornaram capazes de ganhar dinheiro de forma independente, sem depender exclusivamente de heranças ou laços familiares, como no mundo antigo. Consequentemente, os aspectos econômicos e políticos do casamento perderam muito de sua importância.

No passado, o casamento era visto como um dever, desprovido de realização pessoal ou prazer emocional.

As novas realidades econômicas do século XIX colidiram com as ideias que surgiram durante o Iluminismo, enfatizando os direitos individuais e a busca da felicidade. Isso deu origem a uma era completa de romantismo. Foda-se o gado; estávamos nos anos 1800 e, de repente, as emoções das pessoas passaram a ser importantes. O novo ideal não era apenas se casar por amor, mas fazer com que esse amor perpetuasse a felicidade eterna. Assim, a noção popular de “felizes para sempre” nasceu há cerca de 150 anos.

A influência de Hollywood e da publicidade no amor romântico

Em seguida, chegou o século XX. Durante esse período, entre Hitler e alguns genocídios, Hollywood e as agências de publicidade se apoderaram da fantasia do “felizes para sempre” e a exploraram ao máximo nos 100 anos seguintes.

Amor romântico e Hollywood

O ponto crucial a ser compreendido aqui é que o romance e o significado que atribuímos a ele são invenções modernas, predominantemente promovidas e comercializadas por homens de negócios que perceberam que isso poderia vender ingressos de cinema ou joias valiosas. Como Don Draper disse certa vez: “O que você chama de amor é algo inventado por caras como eu. Para vender meias de náilon“.

Foi somente quando as pessoas alcançaram a independência econômica que o amor (e as emoções em geral) começou a ter valor na sociedade.

O romance é fácil de vender. Todos nós gostamos de ver o herói conquistar o coração de sua amada. Nós nos deleitamos com os finais felizes e a crença no “felizes para sempre”. É uma sensação boa. E assim, as forças comerciais que surgiram no século XX capitalizaram avidamente essas noções.

Entretanto, o amor romântico, é muito mais complexo e problemático do que os filmes de Hollywood ou os anúncios de joalherias retratam.

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