Na Monogamia, uma pessoa, mesmo sem ser propriedade de um mestre, como um escravo seria no direito romano, ainda pertence a outra pessoa. O relacionamento monogâmico é a união e posse romântica/sexual entre 2 pessoas. Uma pessoa se entrega a outra e neste ato, se transforma em uma coisa, perdendo o direito sobre si mesma. Essa objetificação parece ser compensada através da reciprocidade. O casal pratica o uso mútuo um do outro.
Ao pedir alguém em namoro, uma pessoa monogâmica se torna sua dona – tem direitos sobre ela. Mas também vira posse da mesma. A contradição é que em relacionamentos monogâmicos a galera é ao mesmo tempo pessoa (por ter direitos) e objeto (por ser tratada como uma propriedade, uma coisa sem autonomia.)
A diferença entre relacionamento monogâmico e servidão é que no primeiro a posse é recíproca. No entanto, nem toda reciprocidade é boa ou moral (senta lá, galera do “se tá todo mundo de acordo, ta tudo bem”.
A monogamia é um compromisso (falho) com a exclusividade sexual, um pacto de posse de ambos os lados. A fidelidade sexual consiste na entrega do corpo de uma pessoa única e exclusivamente a outra e vice-versa. O casamento monogâmico cria essa obrigação. Fidelidade e o direito ao ciúme são atributos essenciais da monogamia; bem como a traição já que as pessoas reivindicam a própria liberdade às escondidas, ao mesmo tempo em que querem possuir completamente os outros.
Ao aceitar ser fiel a alguém, a pessoa monogâmica renuncia a seus próprios direitos: o outro a possui plenamente – detém direitos sobre ela. Graças a esse compromisso mútuo, tanto o uso quanto a posse se tornam recíprocos. A objetificação se torna recíproca.
Quando alguém vai lá e acha que tem o direito de matar a mulher por ciúmes, é por conta dessa visão doentia de que pessoas são objetos sem direitos e sem autonomia. E isso tudo é normalizado, é romantizado, é o padrão da sociedade.
E aí vem gente falar “ah, mas a monogamia é valida”.
É válida porra nenhuma.